Pais desconhecem malefícios do cigarro eletrônico
Se você entrasse no quarto do seu filho, neto ou sobrinho, e entre seus pertences tivesse um cigarro eletrônico de última geração, também conhecido como vape, você conseguiria identificar? Sabe os malefícios do uso desses produtos?
De acordo com uma pesquisa feita pela Prefeitura do Rio de Janeiro, para muitos pais, a resposta seria não. O estudo também indica que muitos jovens têm um contato precoce com os cigarros eletrônicos.
No Brasil, a fabricação, importação, comércio, transporte e propaganda de cigarros eletrônicos são proibidos desde 2009 por resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Embora o produto seja proibido, os vapes são facilmente encontrados à venda, incluindo nos comércios online. Em 2024, a Receita Federal apreendeu R$ 1,1 bilhão em cigarros eletrônicos. O total representa um aumento de 57% comparado às apreensões realizadas em 2023, ano que o mercado clandestino movimentou cerca de R$ 7,5 bilhões.
Dados apontam que o uso desses produtos cresce, principalmente entre os mais novos. O último levantamento do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel), realizado em 2023, aponta que um em cada quatro jovens entre 18 a 24 anos já experimentou cigarro eletrônico no Brasil.
A pesquisa sobre o desconhecimento dos pais sobre os malefícios dos vapes foi utilizada pela Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio de sua Secretaria Municipal de Saúde (SMS-Rio), para celebrar o “Dia Mundial Sem Tabaco”, ocorrido no último dia 31. O levantamento envolveu 58 participantes, incluindo jovens de 15 a 25 anos e seus pais, com foco nas classes sociais C e AB. Os materiais de campanha da Prefeitura contra os cigarros eletrônicos têm como base a pesquisa qualitativa que expôs a falta de informação entre os pais de adolescentes a respeito dos perigos associados aos dispositivos fumígenos de última geração.
Primeiro contato na adolescência e publicidade nas redes sociais
O relatório do estudo da prefeitura indica que “mais da metade dos fumantes, tanto do cigarro convencional quanto do vape, disseram utilizar esses produtos há mais de um ano, o que indica uso sustentado entre os jovens”.
A pesquisa aponta que a maioria dos jovens teve o primeiro contato com os vapes entre 14 e 17 anos e salienta que a “facilidade de acesso” fez com que seus usuários pensassem que o produto é permitido em território nacional.
“Dentre as motivações para o uso, foram citadas a ‘modinha’, variedade de sabores, a aceitação em meios sociais, a ausência de odor desagradável, os fatores de curiosidade e conveniência do uso e as percepções de que o cigarro eletrônico renderia mais que o convencional e seria relaxante.”

Os cigarros eletrônicos mais citados pelos entrevistados são os que têm estilo formato “pendrive” e o “quadrado com biquinho”.
Outro fator importante citado pelos jovens usuários de vapes é a publicidade nas redes sociais. “Jovens entrevistados para a pesquisa relataram ter conhecido os cigarros eletrônicos por meio de plataformas como Instagram e TikTok, onde influenciadores promovem a ideia de que esses dispositivos não causam danos à saúde”, diz o levantamento.
Entre as desvantagens apontadas estão os malefícios “para a saúde física e psicológica e qualidade de vida”. Além dos impactos à saúde, receios com as origens dos produtos também causam preocupações.
“Risco de explosão no rosto do usuário, além do alto custo, da falsificação e da possibilidade de adição de qualquer substância ao produto, incluindo maconha, querosene e água sanitária”, completam as desvantagens abordadas.
Pesquisa aponta desconhecimento por parte dos pais
O estudo feito pela Prefeitura do Rio aponta, por parte dos pais, uma “falta de informação e/ou consciência dos filhos fumarem ou ficarem presos ao vício no cigarro eletrônico, afetando sua saúde”.
Embora alguns pais desconhecem os riscos do uso do cigarro eletrônico, apontam preocupações de que seu uso possa ser uma porta de entrada para outras drogas.
O fato dos vapes deixarem menos rastros comparados a outros produtos fumígenos faz com que pais relatem a “facilidade dos jovens em fumarem escondidos”.
Algumas mães, não fumantes, nem sequer sabiam o que é um cigarro eletrônico e tampouco conseguiam identificar nos anúncios apontados. A prefeitura afirma que a campanha de conscientização sobre o uso dessas substâncias também tem como objetivo “possibilitar que a população possa identificar mais facilmente esses dispositivos”.
O desconhecimento dos pais em relação aos cigarros eletrônicos também é explicado por uma estratégia da própria indústria tabagista. Isso porque os novos cigarros eletrônicos têm um visual muito diferente do que se imagina para um dispositivo rico em nicotina. Formatos modernos, coloridos, saborizados e por muitas vezes carregáveis, com entrada USB.

Para diretores da OMS, a estratégia é clara e a promoção de cigarros eletrônicos direcionada aos jovens é a história se repetindo.
“O uso de sabores como algodão doce e chiclete, juntamente com embalagens coloridas, seja em cigarros ou nos vapes, representa uma tentativa óbvia de atrair os mais jovens”, apontou Ruediger Krech, Diretor do Departamento de Promoção da Saúde da OMS, em comunicado ano passado.
Em publicação no X, em maio do ano passado, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, afirmou que “a história se repete à medida em que a indústria do tabaco tenta vender a mesma nicotina aos jovens, só que por meio de embalagens diferentes”.
Campanha da Prefeitura carioca tem direcionamento a jovens
Entre as publicidades veiculadas através dos canais de comunicação da Prefeitura estão a divulgação de substâncias presentes nos dispositivos eletrônicos, tais como, nicotina, formaldeído (usado para embalsamar cadáveres), acroleína (arma química e herbicida), além de metais tóxicos causadores de câncer.
Além disso, a Prefeitura aponta que “o uso do cigarro eletrônico ou vape pode levar à dependência, prejudica a saúde bucal e aumenta o risco de doenças cardiovasculares, lesão pulmonar e diversos tipos de câncer”.
A campanha de conscientização está no ar nas redes sociais da SMS-Rio e também pode ser vista em bancas de jornal e no mobiliário urbano da capital carioca. Os materiais incluem a informação de que o tratamento para parar de fumar está disponível em todas as unidades de atenção primária do município, como as clínicas da família e centros municipais de saúde.
“Muitos pais não têm consciência dos riscos que o vape representa para a saúde dos seus filhos. O objetivo da campanha é justamente informar, tanto os jovens quanto os seus familiares, sobre os perigos dos cigarros eletrônicos. Queremos criar um espaço de diálogo e reflexão sobre saúde, promovendo escolhas mais seguras e saudáveis para as próximas gerações”, afirma o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.
Para quem deseja parar de fumar, o Ministério da Saúde, através do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), oferece tratamento integral e gratuito. É possível consultar a coordenação de controle do tabagismo de secretarias estaduais e municipais. Mais informações podem ser obtidas nas unidades básicas de saúde.

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